quinta-feira, 13 de março de 2008

"Freineda dos Anos 50" (2ª parte)

As noites do contrabando
Na minha lembrança também estão
Recordo o meu pai e os seus amigos
Naquelas noites de cão,
Frias e negras de escuridão
De chuva, ventos fortes e também de trovão

Carregados com a carga de alhos, de café
DE amêndoas e de passas de uvas
Que algumas se pegavam à sua mão
Para nos dar a saborear
Quando depois da sua viagem um beijo nos dava
E a roupa da cama nos aconchegava

Mas no dia seguinte, ele no campo trabalhava
Como o que mais e a jeira ia ganhar
Pois tudo era pouco
Para a família numerosa sustentar

Nas minas de Vilar Formoso trabalhou
E muita pedra nas galerias picou
E uma doença grave lá apanhou
Ele e muitos mais que de bem novos partiram
Para o encontro do Pai Celestial

A minha angústia como criança era grande
Pensando que ele também nos iria deixar
Mas Deus não quis que assim fosse
E muitos anos ele ainda nos pôde mimar

Mas, Freineda terra querida
Dos que de ti sempre são
Com tantas saudades
Que até dói o coração
Abençoa-nos Santa Eufêmia
E socorre-nos na aflição

Albertina Simões Rico

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