domingo, 4 de abril de 2010

Poetisa da Terra!

A minha amiga Lurdes que me desculpe mas a sua poesia tem que ser motivo de publicação pois temos aí veia de poeta!
Aqui fica o resultado da sua inspiração!



"Quem roubou a minha infância, que nem relatos ou fotos deixou, para me dizer um dia que fui gente... criança na mão de alguém...

vida entre muitas vidas e que se volteou no tempo apenas para ter a liberdade de crescer e de se encontrar consigo mesma...

quem roubou à minha infância registos que jamais alguém encontrará...

se eu hoje perguntar onde estive... ninguém dirá de mim...

visitei o convento onde passei a minha infância...

para além das ruínas em que encontrei o convento, descobri com enorme tristeza que alguém resolveu em tempos fazer obras num convento belíssimo e lhe atribuiu formas que também elas já em ruínas, dizem do pouco carinho e do descuido que tiveram... da irresponsabilidade que aconteceu ...

quem ordenou tal desastre ?...

os arquivos das antigas alunas desapareceram...

queimar arquivos com séculos de história não devia ser permitido...

entrei no convento e procurei ... nada ... apenas ruínas e pó e uma desolação de cortar a alma...

num Portugal adormecido, com infinita tristeza descobri que ninguém me registou...

afinal para toda essa gente eu não era ninguém...

não bastaram os maus tratos, a fome daquele tempo, as sevícias e tudo o que de hediondo feriu a minha alma... para descobrir tristemente que afinal tudo acontecia, porque ser abandonada neste país é afinal sinónimo de não ser ninguém...

hoje com profunda tristeza e incredulidade eu pergunto:

-onde colocaram os registos do armazém onde me colocaram ?...

quem desumanamente roubou à minha infância os arquivos do Convento de Vairão ... da Escola Maternal e Profissional de Vairão , como era usual chamar naquele tempo ?...

saí dali e prossegui...

tentei por último a minha mãe...

e ainda com uma leve esperança perguntei: - tem fotos minhas de quando era criança... secamente ouvi.. não...

tudo fica apenas na minha memória...

se alguém puder aplacar a dor que eu sinto de não ser de ninguém e conhecer alguém que tenha fotos desse tempo que contacte comigo...

talvez agora compreenda porque tenho aptidão por proteger os filhos da rua...

afinal sou como eles ... filha de ninguém...

sou irmã do vento ... filha da lua...

Alminha do calvário

Na Freineda este património de cariz religioso existe no Caminho do Calvário, junto ao mesmo, no lugar do mesmo nome. Portugal é o único p...